sábado, 25 de julho de 2015

Homenagens na partida do companheiro Antônio Vieira


ANTONIO VIEIRA SANTOS
(*20/08/1939 +20/07/2015),
herói da luta dos operários e dos camponeses

Na foto: Quadro pintado pelo artista Vieira (abaixo).
Imagem inline 1


Vieira nasceu em Penedo (AL) e desde jovem, quando adquiriu consciência de classe, dedicou toda a sua vida ao trabalho de educação, conscientização e organização política dos trabalhadores do campo e da cidade. Foi um abnegado militante no Movimento de Educação de Base (MEB), da Ação Popular (AP), da luta pelas Reformas de Base, especialmente, da luta pela Reforma Agrária no período pré-64 e na resistência para impedir a derrubada do Governo Jango Goulart. 

Um organizador e educador popular talentoso. Artista plástico, pintor, diretor de teatro, diretor e roteirista do filme Lamparina. Corajoso e dono de uma profunda consciência de classe e ardente militante revolucionário. 
Um verdadeiro lutador social, que atuou em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Pará e Amazonas. Por onde passou semeou entre os trabalhadores a consciência de que para a sua emancipação econômica, social e política é necessário praticar a solidariedade, a organização no local de trabalho, de moradia e no Partido Político, que defenda uma revolução popular anticapitalista e que avance para o socialismo.

Trabalhou como educador popular na Operação Esperança, projeto piloto de Reforma Agrária, construído por Dom Helder Câmara, na zona canavieira de 1972 a 1978, com os recursos que ganhou do Prêmio Popular da Paz em Oslo, Noruega, naquele mesmo período.

Porém, no esplendor desta experiência, Vieira foi sequestrado pelo DOI-CODI (órgão da repressão fascista do então 4º Exército, subordinado à ditadura militar) e torturado por longos cinco meses, sem dar nenhuma informação aos seus algozes. 

Vieira soube ser coerente e fiel à causa da sua classe trabalhadora, desde a mais difícil das provas por que passam  os revolucionários (encarceramento e tortura) até o último instante da sua vida, às 18:55h do dia 20 de julho de 2015. Na partida, estava rodeado de seus amigos e da solidariedade militante. Deixou três filhos: Julien, Lara e Gregório e muitos filhos do povo educados pela força do seu exemplo de luta prontos para combater em defesa da causa da libertação da humanidade trabalhadora que haverão de vencer inelutavelmente.

Homenagem do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML); 
Movimento de Trabalhadores Cristãos (MTC);
familiares, companheiros e amigos de Vieira  de todo o Brasil

Camarada Vieira, PRESENTE! Agora e sempre!


A Internacional

De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!

(Refrão) 
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Refrão
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Crime de rico a lei o cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direito para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Refrão

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Queremos que nos restitua,
O povo só quer o que é seu!

Refrão
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Refrão
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasita deixa o mundo
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

Refrão
Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


EM MEMÓRIA DE ANTÔNIO VIEIRA SANTOS
Cânticos do ato de despedida realizado na sede do Movimento de Trabalhadores Cristãos – Recife, 21.07.2015


(1)   TOCANDO EM FRENTE - Almir Sater – Renato Teixeira

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso                                       
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs              
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente 
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs...
Todo mundo ama, um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz.


(2) PORTA-ESTANDARTE  - G.Vandré

Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção
Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão
Eu vou levando a minha vida enfim
Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim
Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar
Por dores e tristezas que bem sei
Um dia ainda vão findar
Um dia que vem vindo e que eu vivo pra cantar
Na avenida girando, estandarte na mão pra anunciar.


(3) PESADELO   - M. Tapajós / P. C. Pinheiro

Quando um muro separa, uma ponte une 
Se a vingança encara, o remorso pune 
Você vem me agarra, alguém vem me solta 
Você vai na marra, ela um dia volta 
E se a força é tua, ela um dia é nossa 

Olha o muro, olha o poste 
Olha o dia de ontem chegando 
Que medo você tem de nós - Olha aí... 

Você corta um verso, eu escrevo outro 
Você me prende vivo, eu escapo morto 
De repente... olha eu de novo 
Perturbando a paz, exigindo o troco 
Vamos por aí, eu e meu cachorro 

Olha um verso, olha o outro 
Olha o velho, olha o moço chegando 
Que medo você tem de nós - Olha aí... 

O muro caiu, olha a ponte 
Da liberdade guardiã 
O braço do Cristo-horizonte 
Abraça o dia de amanhã -Olha aí... 


(4) FICA MAL COM DEUS  -Geraldo Vandré

Fica mal com Deus
Quem não sabe dar
Fica mal comigo
Quem não sabe amar (2X)

Pelo meu caminho vou
Vou como quem vai chegar
Quem quiser comigo ir
Tem que vir do amor
Tem que ter pra dar

Vida que não tem valor
Homem que não sabe dar
Deus que se descuide dele
O jeito a gente ajeita
Dele se acabar


(5) PROVA DE AMOR        José Weber

prova de amor maior não há
que doar a vida pelo irmão!
- Eis que eu vos dou o meu novo Mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado!

- Vós sereis os meus discípulos, se seguirdes meu preceito: Amai-vos uns aos outros...

- E chegando a minha Páscoa, vos amei até ofim: Amai-vos uns aos outros...

- Nisto todos saberão que vós sois os meus:Amai-vos uns aos outros...


(6) Bem-aventuranças  (Mt 5,1-12) - R. Veloso

meus parabéns, em nome de cristo,
em nome de cristo, meus parabéns!
meus parabéns, em nome de cristo,
em nome de cristo, meus parabéns!

Parabéns aos que sentem que são pobres,
Pois o Reino de Deus é sua porção!
Parabéns ao que choram solidários,
Consolados por Deus eles serão!

Parabéns aos que são mansos e humildes
Que a Terra Prometida herdarão!
Parabéns aos famintos de justiça
Saciados por Deus eles serão!

Parabéns aos misericordiosos,
Pois em Deus piedade encontrarão!
Parabéns, corações que batem puros,
Pois um dia ao seu Deus contemplarão!

Parabéns aos que lutam pela paz,
Porque filhos de Deus se chamarão!
Parabéns aos que agora perseguidos
Têm o Reino de Deus como porção!

Parabéns, perseguidos e insultados,
Por minha causa calúnias ouvirão!
Parabéns, de alegria saltem, dancem,
Grande prêmio em Deus encontrarão!


(7) UM DIA DE GRAÇA - Luís Carlos da Vila

Um dia, meus olhos inda hão de ver
Na luz do olhar do amanhecer
Sorrir o Dia de Graça
Poesias, brindando essa manhã feliz,
O mal cortado na raiz
Do jeito que o Mestre sonhava
//O não chorar e o não sofrer se alastrando
No céu da vida o amor brilhando
A paz reinando em santa paz//
Em cada palma de mão, cada palmo de chão
Sementes de felicidade
O fim de toda opressão
O cantar com emoção: raiou a liberdade!
Chegou
O áureo tempo de justiça
Ao esplendor do preservar a natureza
Respeito a todos os artistas
A porta aberta ao irmão
De qualquer chão, de qualquer raça
O povo todo em louvação
Por esse Dia de Graça!


(8) CANCIÓN CON TODOS

MercedesSosa
Salgo a caminar
Por la cintura cósmica del sur
Piso en la región
Más vegetal del tiempo y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de América en mi piel
Y anda en mi sangre un río
Que libera en mi voz
Su caudal.
Sol de alto Perú
Rostro Bolivia, estaño y soledad
Un verde Brasil besa a mi Chile
Cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña América y total
Pura raíz de un grito
Destinado a crecer
Y a estallar.
Todas las voces, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede
Ser canción en el viento
Canta conmigo, canta
hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz!


(9) PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES - Geraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
/:Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer:/
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam antigas lições
De morrer pela pátria e viver sem razões
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário