quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Qual destino para o Brasil: recolonização ou projeto próprio?


        Há uma indagação que se faz no Brasil mas também no exterior que se expressa por esta pergunta: qual o destino da sétima economia mundial e qual o futuro de sua incomensurável riqueza de bens naturais?
Analistas dos cenários mundiais do talante de Noam Chomsky ou de Jacques Attali nos advertem: a potência imperial norte-americana segue esse motto, elaborado nos salões dos estrategistas do Pentâgono:”um só mundo e um só império”. Não se toleram países, em qualquer parte do planeta, que possam pôr em xeque seus interesses globais e sua hegemonia universal. Curiosamente, o Papa Francisco em sua encíclicla “sobre o cuidado da Casa Comum”, como que revidando o Pentágono propõe:”um só mundo e um só projeto coletivo”.
No Brasil esse debate se dá principalmente no campo da macroeconomia: o Brasil se alinhará às estratégias político-sociais-economico-ideológicas impostas pelo Império e com isso terá vantagens significativas em todos os campos, mas aceitando ser sócio menor e agregado (opção dos neoliberais e dos conservadores) ou o Brasil procurará um caminho próprio, consciente de suas vantagens ecológicas, do peso de seu mercado interno com uma população de mais de duzentos milhões de pessoas e da criatividade de seu povo. Aprende a resistir às pressões que vêm de cima, a lidar inteligentemente com as tensões, a praticar uma política do ganha-ganha (o que supõe fazer conceções) e assim a manter o caminho aberto para um projeto nacional próprio que contará para o devenir da nossa e da futura civilização (opção do PT, das esquerdas e dos movimentos sociais).
Isso deve ficar claro: há um propósito dos países centrais que dispõem de várias formas de poder, especialmente, a militar (podem matar a todos) de recolonizar toda a América Latina para ser um reserva de bens e serviços naturais (água potável, milhões de hectares férteis, grãos de todo tipo, imensa biodiversidade, grandes florestas úmidas, reservas minerais incomensuráveis etc). Ela deve servir principalmente os países ricos, já que em seus territórios quase se esgotaram tais “bondades da natureza” como dizem os povos originários. E vão precisar delas para manterem seu nível de vida.
Estimamos que dentro de um futuro não muito distante, a economia mundial será de base ecológica. Finalmente não nos alimentamos de computadores e de máquimas, mas de água, de grãos e de tudo o que a vida humana e a comunidade de vida demandam. Daí a importância de manter a América Latina, especialmente, o Brasil no estágio o mais natural possível, não favorecendo a industrializção nem algum valor agregado a suas commodities.
Seu lugar deve ser aquele que foi pensado desde o início da colonização:  o de ser uma grande empresa colonial que sustenta o projeto dos povos opulentos do Norte para continurem sua dominação que vem desde o século XVI quando se iniciaram as grandes navegações de conquista de territórios pelo mundo afora. Analiticamente, esse processo foi denunciado por Caio Prado Jr, por Darcy Ribeiro e, ultimamente, com grande força teórica, por Luiz Gonzaga de Souza Lima com seu livro ainda não devidamente acolhido A refundação do Brasil: rumo à sociedade biocentrada (RiMa, São Bernardo 2011).
Em razão desta estratégia global, as políticas ambientais dominantes reduzem o sentido da biodiversidade e da natureza a um valor econômico. A tão propalada “economia verdade” serve a este propósito econômico e menos à preservação e ao resgate de áreas devastadas. Mesmo quando isso ocorre, se destina à macroeconomia de acumulação e não à busca de um outro tipo de relação para com a natureza.
O que cabe constatar é o fato de que o Brasil não está só. As experiências recentes dos movimentos populares socioambientais se recusam a assumir simplesmente a dominação da razão econômica, instrumental e utilitarista que tudo uniformiza. Por todas as partes estão irrompendo outras modalidades de habitar a Casa Comum a partir de identidades culturais diferentes. Os conhecimentos tradicionais, oprimidos e marginalizados pelo pensamento único técnico-científico, estão ganhando força na medida em que mostram que podemos nos relacionar com a natureza e cuidar da Mãe Terra de uma forma mais benevolente e cuidadosa. Exemplo disso é o “bien vivier y convivir” dos andinos, paradigma de um modo de produção de vida em harmonia com o Todo, com os seres humanos entre si e com a natureza circundante.
Aqui funciona a racionalidade cordial e sensível que enriquece e, ao mesmo tempo, impõe limites à voracidade da fria razão instrumenal-analítica que, deixada em seu livre curso, pode pôr em risco nosso projeto civilizatório. Trata-se de uma nova compreensão do mundo e da missão do ser humano dentro dele, como seu guardador e cuidador. Oxalá este seja o caminho a ser trilhado pela humanidade e pelo Brasil.

Por:  Leonardo Boff.

sábado, 19 de setembro de 2015

Ubuntu - Thiago Rodrigo

Posted: 18 Sep 2015 11:40 AM PDT
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UBUNTU
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Um antropólogo propôs uma brincadeira para algumas crianças de uma tribo africana. Colocou um cesto de frutas perto de uma árvore e falou que quem chegasse primeiro ficaria com elas.
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Quando ele deu o sinal todas as crianças deram as mãos e correram juntas, chegando ao local elas sentaram e compartilharam as frutas entre si!!!
Quando perguntaram às crianças porque quiseram correr todas juntas quando apenas um poderia chegar e ganhar o prêmio, elas responderam: UBUNTU: como pode um ser feliz enquanto todos os outros estão tristes???
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UBUNTU na cultura africana sub-sahariana quer dizer:  “EU SOU QUEM SOU ,PORQUE NÓS SOMOS”
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
(Marcos 12:30,31)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A ARISTOCRACIA BRASILEIRA

342 aristocratas para cassar 54,5 milhões de plebeus
Postado em 17 de setembro de 2015
O Brasil vive um regime político chamado de aristocracia, isto é, o governo dos melhores. São os homens do agronegócio, da indústria, dos bancos, que ocupam o Congresso e que decidirão o futuro do governo brasileiro.
Por: Roberto Malvezzi (Gogó)
À época do Brasil Império eram os donos das terras, das raízes (mandioca), homens de “bens”, isto é, de posses, que podiam ser eleitos. A plebe e as mulheres não votavam, muito menos podiam ser eleitos. Então, os que tinham bens, eram considerados os bons. Hoje a Câmara dos Deputados é composta por 513 representantes. São necessários 342 votos para cassar o mandato da atual presidente. E é a isso que eles se propõem. Os bons são homens insuspeitos e honrados, como Cassio Cunha Lima, Eduardo Cunha, Paulinho da Força Sindical, Aécio Neves e os nobres que os seguem. São biografias imaculadas, sem mancha e conhecidos pela sua magnanimidade e grandeza política.
Faz parte dessa aristocracia brasileira juristas como Gilmar Mendes, o homem que disse que vai “cassar o mandato de Dilma”.
Eles se respaldam na tão nobre mídia tradicional brasileira, também composta de aristocratas, como os Mesquitas (Estado de São Paulo), Frias (Folha de São Paulo), Civita (Editora Abril) e Marinho (Globo), além de tantos outros de menor expressão, mas também da aristocracia brasileira.
Com o advento da internet e das redes sociais esses organismos de mídia já não decidem mais as eleições brasileiras, mas podem perfeitamente colaborar na derrubada da plebe por seus representantes da aristocracia.
Se vivêssemos em uma democracia, valeria o voto dos plebeus, ou a vontade de os 54,5 milhões de eleitores que escolheram majoritariamente seu candidato nas últimas eleições. Mas, nas aristocracias o voto da plebe não tem valor.
Então, importa os dados do Data Folha, ou do Ibope, sobre a popularidade atual da presidente. São essas pesquisas que dão a legitimidade de um mandato, não o voto cravado pelo povo nas urnas. Ou então, decidem picuinhas jurídicas, como pedaladas fiscais e dúvidas sobre dinheiro de campanha. Melhor assim. Afinal, o povo nada sabe, não tem poder de decisão e nem deveria votar. A não ser que votasse conforme a vontade dos aristocratas.

As Consequências da Dívida sobre o Mundo e o Brasil